12/12/2015

A Lua Vermelha da Menstruação - Cerimônia do Sangue, O Altar e a Última Menstruação #3

(arte de Evelaine Regina)

Oi, oi! Essa é a última parte do artigo A Lua Vermelha da Menstruação. Primeiro falamos sobre a Importância e o Diário Vermelho, logo em seguida da Antiguidade e da Primeira Menstruação, e agora, para finalizar, falaremos sobre a Cerimônia do Sangue, O Altar e a Última Menstruação!

Cerimônia para Reconsagrar o Ventre

Recolha-se a um lugar tranquilo e silencioso. Relaxe da maneira que mais gosta, por meio de música, respiração ou meditação.
Concentre-se em sua respiração, inalando paz e tranquilidade e exalando as tensões corporais e preocupações mentais.

Visualize uma energia branca opalescente cercando você e impregnando cada célula do seu ser com harmonia e bem estar. Sinta essa energia sendo absorvida pelos seus centros de força: a vagina, o ventre, o estômago, o coração, a garganta, a testa e o alto da cabeça.
Concentre-se em seu umbigo, respirando calmamente. Coloque as mãos sobre seu ventre e sinta sua energia pulsando dentro de seu útero. Mergulhe sua consciência em seu ventre, começando a contar, pausadamente, de 10 para 1, no ritmo de sua respiração.
10. Perceba seu corpo.
09. Penetre em seu útero.
08. Conecte-se à sua menstruação.
07. Volte no passado até sua menarca.
06. Reveja o momento exato das primeiras gotas do sangue menstrual.
05. Perceba as emoções e sensações de sua "menina".
04. Reveja sua reação.
03. Relembre as reações das outras pessoas.
02. Reviva todos os momentos da experiência.
01. Mergulhe na memória de sua menina e permita que a experiência volte para você, em sua totalidade.
Analise seu estado emocional, relembrando como você se sentiu, se a experiência foi positiva, negativa ou indiferente. Descubra em seu corpo alguma energia estagnada ou bloqueada, alguma dor ou conceito, criado naquele momento e que foi se perpetuando ao longo de seus ciclos.
Reveja as pessoas envolvidas em sua menarca: sua mãe, seu pai, suas irmãs, irmãos, avôs, tios, amigas, colegas, namorados e parente. Qual foi a reação deles? Por mais que as lembranças sejam vagas, procure perceber suas emoções e seus pensamentos.
Quando você conseguir trazer de volta todas suas lembranças, por mais insignificantes ou dolorosas que sejam, coloque suas mãos sobe seu coração e abra devagar os olhos.
Registre agora toda essa vivência em seu diário. Seria ainda melhor se você preferisse compartilhar com uma amiga, terapeuta ou dirigente espiritual. Mas lembre-se, antes de repartir essas impressões, entre em contato com sua Deusa interior, pedindo-lhe orientação e apoio para criar seu próprio Ritual de Passagem.
Se ainda tiver algum bloqueio mental ou alguma dificuldade em perceber sua voz sutil, vá para perto de um rio, lago, cachoeira ou mar. Tome um banho ritualístico, visualizando a energia pura da água limpando as lembranças e registros dolorosos de sua mente e de seu corpo. Com movimentos circulares, em sentido anti-horário, insista naqueles pontos físicos onde percebeu algum bloqueio ou energia residual estagnada.
Reponha, depois, a energia removida expondo-se à luz solar, lunar ou estelar, captando e canalizando a frequencia luminosa com movimentos em sentido horário, mentalizando e orando pela cura de suas feridas físicas ou emocionais.
Em casa, na mesma fase lunar de seu nascimento, abençoe seu ventre com a essência de seu signo. Toque seu corpo de maneira amorosa, invocando a Deusa correspondente a seu dia de nascimento ou a própria Grande Mãe, se preferir, criando sua própria bênção ou usando as frases tradicionais, mencionadas a seguir, reestabelecendo, assim, a sacralidade de seu ventre.
Essa cerimônia pode ser modificada e usada, também, após traumas cirúrgicos, estupro ou violência sexual, remoção de útero ou ovários ou sempre que sentir necessidade de reivindicar seu poder, reafirmando sua identidade de mulher e reconsagrando o "mana" de seu sangue menstrual e de seu ventre.

Como Abençoar-se

Pode-se usar água - "lunarizada", de fonte ou da chuva - ou essência - do seu signo ou da Deusa escolhida. À medida que recita em voz alta as seguintes invocações, toque cada parte de seu corpo, sentindo seu poder de mulher sendo restabelecido.
Toque seus olhos
"Abençõe, Mãe, meus olhos, para ter a visão clara".
Toque sua boca
"Abençoe, Mãe, minha boca, para falar a verdade".
Toque seus ouvidos
"Abençoe, Mãe, meus ouvidos, para ouvir tudo que está sendo dito para mim".
Toque seu coração
"Abençoe, Mãe, meu coração, para preencher-me com amor".
Toque seu ventre
"Abençoe, Mãe, meu ventre, para poder conectar-me à energia curativa do universo e fortalecer minha criatividade e sexualidade".
Toque seus pés
"Abençoe, Mãe, meus pés, para poder caminhar na minha verdadeira senda e voltar para Ti".



Altar do Sangue
O Altar Menstrual tem a intenção de exaltar a celebração dos ciclos da mulher, onde ela irá se dedicar e compreender sua própria natureza. Ele é feito durante seu ciclo menstrual. Nossas antepassadas saíam nuas pelas plantações, deixando seu sangue menstrual derramar pelo solo para que a colheita fosse farta e a plantação abençoada (antes de serem taxadas como bruxas e pecadoras).
Não há uma regra ou um padrão para montar o seu próprio altar, mas aqui vão algumas ideias para lhe inspirar:
Não há um local exato, você pode montá-lo numa prateleira, na cabeceira, numa mesinha ou no chão.
Geralmente, é colocada uma estátua da Deusa Tríplice. Um caldeirão, que representa o ventre da Deusa. Velas vermelhas para o período menstrual, ou velas pretas para o período da menopausa.
Símbolos do Sagrado Feminino (Triluna, Labrys, Espiral etc), seu Diário de Sangue, pedras e cristais como quartzo rosa, pedra da lua, jaspe vermelho. Flores em um vasinho para representar a fertilidade.
Se você não quiser usar seu sangue, ou se usa anticoncepcional, pode usar o vinho dentro de um jarrinho pequeno para simbolizar o sangue.
Se não tiver problemas em usar seu sangue menstrual, basta coletá-lo (é mais fácil para as mulheres que usam o coletor menstrual, e para as que usam o absorvente ecológico de pano) e colocar no jarrinho, em cima do altar.
Depois do ritual, jogue o vinho/sangue na terra do vasinho com flores, assim seu sangue/vinho pode ser jogado diretamente na terra, representando a devolução do nosso sangue à Mãe Sagrada. Depois

lave o jarrinho. 
 De frente para o Altar Menstrual, você pode dançar, meditar, cantar, orar. Sentir-se ligada à Deusa.


 (à esquerda uma representação de um útero normal, e à direita um útero em processo menstrual. O útero aumenta de tamanho durante esse período, por isso muitas mulheres sentem-se inchadas e pesadas.)

Celebração do Último Sangue

Assim como a menarca, a menopausa é uma mudança dramática na expressão física e na percepção mental e emocional da feminilidade. Conhecida como "A Grande Mudança", a menopausa pode se tornar uma fase positiva de crescimento espiritual e enriquecimento interior, compensando os problemas físicos e os conflitos emocionais.
Enquanto a mulher fértil pode usar o ciclo menstrual para mergulhar em seu interior em busca de orientação e renovação, a percepção da mulher pós-menopausa não segue esse padrão cíclico. Por guardar seu sangue e não mais vertê-lo, ela não mais é sujeitada às alterações hormonais e influências ambientais, podendo permanecer de forma equilibrada entre o rico potencial de seu mundo interior e a capacidade de manifestá-lo criativamente.
Tendo essa vantagem da percepção constante dos dois mundos, a mulher pós-menopausa é uma mulher sábia, curadora, sacerdotisa, xamã e profetisa em potencial. Ela tem um acesso contínuo para a dimensão oculta do mundo, que é acessível para a mulher que menstrua somente nos dias de seu ciclo menstrual. Essa percepção aguçada e o potencial de cura, premonição e sabedoria das mulheres mais idosas eram largamente reconhecidos e reverenciados nas antigas culturas, onde as anciãs eram respeitadas como as guardiãs das tradições, conselheiras, curandeiras, guias e intermediárias entre a comunidade e o mundo dos ancestrais.
A "Celebração da Menopausa" reconhece a transição entre a antiga percepção cíclica e o intercâmbio permanente com o mundo interior. Reverencia-se a descida da mulher para a escuridão e a sua emergência renovada, mais sábia e mais poderosa. O ritual - por mais simples que seja - vai ajudar no início da nova vida, reconhecendo seu poder, seu ingresso na Irmandade das Mulheres Sábias e sua conexão com a Anciã. Combatem-se, assim, os estereótipos socioculturais negativos, removendo-se os efeitos da supremacia patriarcal e da solidão afetiva.
A cerimônia pode ser feita no começo ou no término da menopausa ou, se preferir, no segundo retorno de Saturno em seu mapa natal, em torno dos 58 anos. Cercada de amigas ou parentes, a mulher escolhe e cria o ritual, após uma preparação especial incluindo banhos de purificação, meditação e oração. É importante ter no altar as três coras da Deusa, representando os três estágios na vida da mulher: Donzela e jovem (branco); Mãe e adulta (vermelho); Anciã e sábia (preto). Essas cores podem estar presentes na forma de velas, fitas ou fios trançados em um cordão. Os incensos para essa cerimônia são o cipreste, o cedro, a sálvia ou o sândalo. As flores podem ser crisântemos ou rosas, cercados de folhagens e espigas de trigo. As deusas são Hécate, Cerridwen, Holda, Befana, Baba Yaga, Kali Ma, as Nornes ou as Parcas, Vovó Aranha e Nanã Buruque.
As mulheres convidadas trazem presentes e compartilham suas histórias, poemas, conselhos e bênçãos. O propósito é abençoar a nova fase na vida da "Mulher Sábia", finalizando-se com sua "coroação", usando-se uma coroa de flores, folhas de hera, espigas de trigo e fitas feitas pela própria mulher. Agora, em vez de "coroa", ela será uma "coroada"!
Dependendo da pessoa e de seu momento, podem ser acrescentados outros elementos ritualísticos para aceitação, desapego do passado, transmutação da dor de alguma perda, abertura da visão, desenvolvimento de algum dom, escolhe de um caminho espiritual ou compromisso para contribuir, de alguma forma, na comunidade. O importante é a aceitação do presente, o desapego do passado e a visualização de novos objetivos e possibilidades no futuro.



 *Fonte: O Anuário da Grande Mãe, de Mirella Faur.
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