07/06/2016

Saindo do armário das vassouras: como contar à família sobre o caminho do paganismo.



Esse é o nosso centésimo post do blog! E falaremos sobre a hora decisiva de sair do armário das vassouras!
Bruxos jovens já nos perguntaram diversas vezes o melhor jeito para contar aos pais sobre o caminho escolhido. Esse post foi feito especialmente para vocês.

Esperando mais um pouco

Você ainda é muito jovem? A nossa cabeça muda muito, e no próximo ano já teremos pensamentos totalmente diferentes do que temos agora. Espere mais um pouco antes de se denominar bruxa, espere ter a completa certeza de que esse é o caminho certo para você. Pratique no mínimo por um ano antes de se lançar ao mundo dizendo que é pagã aos seus familiares, assim, eles verão que isso é o que você de fato quer seguir, e não dirão que é uma fase de adolescente.
Você estuda a bruxaria há pouco tempo? Muita gente estuda há menos de seis meses e já diz a todos que é bruxa, mas não é, é estudante. Espere mais um pouco, estude bastante e veja se é o que procurava.. Pratique os Sabbaths, os Esbbaths. Mostre que está empenhada nesse caminho, assim eles não poderão dizer que é algo temporário.
Você ainda mora com eles? Eles podem proibir você de praticar bruxaria embaixo do teto deles, e é necessário respeitar isso. Mesmo que já tenha dezoito anos, mostre que é madura o suficiente para não praticar na casa dos seus pais, pois os respeita. Eu sei que isso é complicado, e é muito ruim, mas pense o seguinte, ninguém poderá dar pitaco nos seus cristais e nos seus livros quando você estiver morando sozinha. Então, se você acha que eles não receberão muito bem a notícia de que você é bruxa espere até não estar mais no teto deles, afinal, a vida é sua e a nova casa também.

Saindo do Armário

Acha que chegou a hora de contar aos seus familiares? Você tem duas opções:
1. Vá devagar: vá aos poucos mencionando coisas que você acredita, assim como se não quisesse nada. Compartilhe conhecimento sobre mitologia e lendas, fale de coisas que você leu como propriedades das plantas, sobre povos antigos que acreditavam que a natureza era uma entidade pensante etc. Assim, eles podem ser mais compreensíveis quando você contar sobre a escolha do seu caminho.
2. Fale de uma vez, mas de modo centrado: faça uma lista de coisas que você acredita, por exemplo, o culto à Natureza, a crença na Deusa e no Deus, fadas, tarô, não adora Satanás, etc. Assim, eles podem criar uma ideia do que você segue, sem ter na mente um ritual com todo mundo se cortando e gritando pelo Diabo.
Explique direitinho como a religião funciona, sobre a Deusa, a adoração pela natureza, o respeito com relação aos animais e as estações do ano.


  • Faça uma lista de coisas que você NÃO pratica, assim eles podem ficar mais tranquilos, por exemplo, não faço a brincadeira do copo (chegaram a me perguntar isso rs), não sacrifico animais, não me corto, não adoro ao diabo, não faço magia para prejudicar as pessoas, não falo com espíritos ruins etc.
  • Evite a palavra bruxa de início, pois essa palavra ainda é um tabu, fale que é pagã.
  • Pra tudo há um preço, alguns amigos e parentes vão se afastar por preconceito ou medo. Você terá que saber lidar com isso.
  • Nunca será capaz de agradar a todos, então deve pensar em você e em qual caminho quer seguir para a sua espiritualidade florescer.
  • Se você não pode comprar livros, baixe pdf's! Há milhares pela internet e pelos grupos de bruxaria do facebook. Dá uma olhada nessa lista aqui.
  • Não pode ter um altar ou vários instrumentos mágicos? olhe aqui essas dicas de coisas que você pode fazer sem gastar muito.


Como fazer com que sua família aceite o caminho que você escolheu

Infelizmente, não há de fato um jeito simples. Não há como obrigá-los a aceitar o seu caminho, mas o mínimo que precisam fazer é respeitar a sua escolha. Todos tem o livre-arbítrio para escolher sua religião ou seu caminho espiritual.
A maioria das famílias acreditam em Jesus, mesmo que não vá à igreja. São séculos de cristianismo goela abaixo das pessoas, então elas vão sim achar que o paganismo é coisa de satanás, embora não o seja. Tenha paciência, seja forte com os seus sentimentos caso sua família não lide bem com isso.

Muitos jovens tem seus livros de bruxaria queimados pela família ou são obrigados a ir em cultos para "afastar o mal".
A única coisa que não é tolerável acontecer é agressão, denuncie o mais rápido possível.


Como a nossa família lidou com isso

Andressa: Há uma contradição em minha família com relação à Espiritualidade. Parte da família do meu pai é candomblecista, e por parte de mãe existem cristãos, evangélicos e aqueles que não acreditam em nada, não são necessariamente Ateus, apenas não se envolvem com nada.
Eu me descobri bruxa faz um tempo, mas logo de cara meus pais ficaram sabendo: eu sempre contava uma experiência que acontecia comigo na rua para eles, quando chegava de madrugada do trabalho e eles ficavam me perguntando e se perguntando o motivo de tanta coisa estar acontecendo assim comigo. Minha mãe respeita, na verdade ela tem medo dessas coisas rs, mas sempre disse: "faça o que quiser, o que achar melhor, mas tome cuidado e não traga nada dentro de casa, porque eu tenho medo!". Por isso, todas as vezes que eu chegava do trabalho, eu limpava minha energia antes de entrar em casa e, se algo escapasse, eu defendia minha casa com unhas e dentes!. Não é uma maneira certa de se dizer, mas se eu visse alguma coisa ruim em casa, eu simplesmente ordenava que ela fosse embora.
Meu pai, já é um pouco mais delicado, ele nunca aceitou a religiosidade, apenas de maneira superficial, apenas de maneira que satisfizesse sua necessidade naquele momento. Em suma, minha família nunca foi de ir à igrejas, centros, ou qualquer outro lugar para temer à algum Deus, mas sim tinham quadros nas paredes, ouviam músicas gospel, guardavam santinhos nas carteiras e estátuas enormes de Nossa Senhora Aparecida na sala.
A maioria de nós cresce com temor ao "demônio" e por isso a maioria dos meus familiares abomina outras crenças que não seja a Cristã. Mas felizmente, eles passaram a engolir minhas experiências como bruxa, pois eu simplesmente veto qualquer opinião alheia das coisas que faço.
Ainda moro com eles e por muitos momentos, fico impossibilitada de comemorar, fazer algum feitiço, comprar materiais para coisas mais elaboradas, praticar, mas sei que não sou a única a passar por isso, dessa forma, vou fazendo o pouco que eu posso para me manter conectado com os Deuses.
Paciência está sendo minha maior aliada nesse período de autoconhecimento.
Ah, a minha família que é do Candomblé, também não aceitou muito bem minha escolha, mas isso eu vou contar para vocês mais a fundo em breve.

Bruna: Eu não tive muitos problemas, pois a família da minha mãe sempre teve um pézinho no mundo místico. Minha avó é de uma linhagem cigana, então na casa dela sempre teve pedras e estátuas. Minha mãe fazia algumas simpatias, como colocar cascas de maçã debaixo do meu travesseiro para ter bons sonhos.
Eu, minha mãe e minha irmã sempre fomos ligadas ao esoterismo, sempre víamos e ouvíamos espíritos, mas não praticávamos nada. Quem me deu um empurrão para praticar foi a minha sogra e os grupos de mulheres feministas do facebook, e não tive nenhuma reação ruim por parte da minha família materna.
Apesar de colocar em meu perfil social as fotos dos meus instrumentos mágicos e dos sabbaths, acredito que grande parte da minha família paterna não sabe. E acho que eles não lidariam muito bem, alguns são católicos não praticantes, e já me achavam satanista quando eu só vestia preto - imagina quando descobrirem que pratico bruxaria! Acho que alguns parentes se afastaram depois de descobrirem, e não me convidam mais para ir às suas casas.
Meu namorado não acredita em bruxaria, mas respeita e apoia.
Eu não tive muita ajuda quando era adolescente, sempre estava sozinha e na internet o acervo sobre o assunto era escasso e muito duvidoso, os livros eram difíceis de serem encontrados, e o termo bruxaria era muito associado aos illuminatis (hauhauha), satanismo, reptilianos, domínio global e todas essas outras besteiras que espalhavam por aí.
Tive a sorte de ter pessoas próximas me apoiando.
Detalhe: quando me assumi bruxa, minha mãe apareceu com um mojo pendurado na porta de casa na semana seguinte, será que ela vem para o nosso lado? hehe

Um comentário:

  1. que sorte! minha familia inteira e envangelica se eu contar pra eles que eu pratico bruxaria e capaz de eles nunca mais olharem na minha cara!! a unica que sabe e a minha mae e ela ainda fica estranhando e tal, meu pai nem liga porque a namorada dele tambem pratica e me ajuda pra conseguir ervas, cristais etc.

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